A areia implora “por favor, fume seu cigarro, mas encontre a lata de lixo mais próxima, não enterre nada dentro de mim, me machuca”,
As latas de cerveja aconselham “essa deve ser a última, você trabalha amanhã, outro dia podemos continuar de onde paramos”,
A toalha pede gentil “me deite com os fios pra cima pra não me machucar, sou muito sensível, logo fico velha e já me jogam fora”,
O guarda sol é poético “se todos nós tivéssemos mãos, estaríamos entrelaçados, por hora somos apenas milhares de escudos lhes protegendo do Sol”,
O protetor solar é enfático “sem mim não existiria praia, nem pra você, nem pra suas crianças”,
A cadeira faz um lembrete “não me esqueça aqui, eu gostaria de voltar pra casa, mas o caminho é sempre longo e eu fico deixada pra trás”,
A água do mar faz um último apelo, de tanto cansaço “eu sou uma amiga, por favor, cuidem de mim, eu já não aguento mais!”,
Se nós prestássemos atenção,
Todas as coisas também falariam.