Flavio Eduardo Palhari

O Homem torto Prt II

vejo os ponteiros tortos

tortas são as horas que se passam

minhas palavras tortas

não encontram um caminho até os ouvidos

o que é preciso fazer?

devo matar ou morrer?

Já não tenho mais sentidos

 nem respostas

pelo assoalho torto

os pés procuram o equilíbrio e a discórdia

chaves procuram as portas

ouço esse grito cada vez mais primitivo

o que é preciso saber?

devo sorrir ou sofrer?

Já nem me lembro o que me permito

um olhar reto em um espelho torto

uma moeda por todo esse mau agouro

se enterro o corpo

se liberto o espirito

pensamento torto em copos de vinho

o barato sai caro

é claro que é instinto

viver sem estar morto

torto são os dias de não querer estar vivo

fundo do poço

teto de vidro

nessas paredes tortas que sufocam o infinito

torto adeus