A paixão sangra, a realidade estanca
A alma pranteia, agoniza e desvanece
O vazio te rodeia, maldade prevalece
Kafkiano te consome, lhe atravanca
O martírio sela teu fatídico destino
Teu rumo segue desconexo instinto
Se destrói nos sorvos e narcóticos
Se assesta pelos caminhos inauditos
Queria mesmo em mente de ti, despedir-me
Disto necessito, na paz preciso habitar-me
Entretanto, meu encéfalo acostumou-se a ti
Agonizando por uma gota de apreço por vir
Sabemos em exatidão, a gota jamais chegará
Por que insisto nesta migalha a me evitar?
O relógio movimenta o tempo como um despejo
Morrem os anos e minha vida passa sendo ignota
O verme pouco a pouco se espreita sob minha porta
E sinto que morrerei sem esperança deste infeliz desejo
Sangue de minha efélide, coagule e me jogue no féretro
Anseio pelo desfecho deste curso onde alimento ilusões
Sombras do disfarce, seres da ideação, criaturas do tetro
Extraiam de meus órgãos a flora e me afastem das coesões
Levem-me para as profundezas da turvação mortificada
É lá onde sob um leite abrolhoso estou em minha morada
Enquanto ela saltita radiante nas ruas festivas e campos floridos
Pertencente ao mundo aprazerado, núcleo privilegiado de tons coloridos
Seu refúgio é o antagônico a solidão, ela caminha em meio ao rebuliço
Meu tugúrio é um poço fundo onde acima vejo o pêndulo... se aproxima
Epilogando este taciturno ciclo de minha lânguida vivência abnóxia
Um ser de alma subjetiva, abstrusa em devaneios e delírios absortos
Conturbado com seu passado, aspecto de estranheza porem, de pura inóxia
Frustrado com o curso de sua calcorreada, recluso em anseios mortos