Zodíaco

Fé e martírio

Até onde o coração suporta
Guardar um amor de natureza morta
Que já não mais cativa ou conforta
Por quê e como a dor se forma ?
Se é que tal explicação importa
O adeus destrói e o mundo ignora

 

Até onde os pés caminham
Para encontrar o escasso alívio ?
Há na alma uma fé incrível
A crença que castiga o corpo vivo
Que no fim do horizonte o amor prometido
Cessará o sofrimento quando for servido

 

Há uma linha tênue entre fé e martírio
Há um homem confundindo solidão e exílio
O amor destrói quando parece invencível
Se torna incurável quando fica invisível
Ao revelar seu lado oculto desprezível
Olhos entendem que foi sempre maldito

 

Amar uma única vez é tarde demais
O poeta em versos melancólicos se esvai
O leitor em devaneios filosóficos se trai
E assim se revelam os algozes anônimos
Deturpações neurais, alucinações, demônios
Quaisquer termos para destruição absoluta dos ânimos.