Charles Araújo

ENTRE AS ESCOLHAS E OS VEREDICTOS DA VIDA

ENTRE AS ESCOLHAS E OS VEREDICTOS DA VIDA 

 

Entre o rubro,  

O vermelho,  

O sangue encarnado,  

Nas bordas do manto escarlate,  

Nos gibões e nas túnicas amassadas,  

Nos fios de seda e  

agasalhos de casimira,  

Nas vestes rasgadas  

E na nudez vergonhosa e fria,  

Entre os desejos, as descrenças, os sonhos  

E as jornadas tecidas nos teares da vida.

 

Nas frestas da luz,  

No lampejar do candeeiro,  

Na iminente escuridão,  

No abismo das desilusões,  

Na prata derretida,  

Nas bordas do cadinho,  

Pedras sem brilho,  

Opacas e sem valor,  

Entre a loucura,  

A desventura e a dor,  

O autêntico, o real,  

Joia rara de doce sabor,  

Fundamentos misturados,  

Fundidos em ornamento  

Para enfeitar peitos  

Desnudos e desgostosos,  

Alegres e vistosos.

 

E assim, entre o caminho,  

O cheiro exalado no ar,  

Estão as doces venturas,  

Os amargos sabores.  

Mas ela, e mesmo assim,  

Dona de dois mundos,  

Com poderes para dar e tomar,  

Com toda sua ousadia,  

Eloquente, destila  

Seu veneno, seu antídoto,  

Ao coração que, aturdido,  

Reluta em escolher  

O que

de bom ou ruim,  

pode parecer…

 

C.Araujo