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A PROFECIA


Não acreditava na profecia
Nem nas relações que estabelecia
Pensava que era o princípio de demência
E tanto precisava de paciência
Para depois compreender
O que a minha mente estava a prender

Comigo mesmo fazia confusão
Figurava-me na ilusão
Que nem um sonho patético
Vagando pela imagem profético
A razão chamou a minha atenção
Para juntos decifrar essa pretensão

Chorar já não era a solução
Apenas magoava o coração
É verdade que já estava desesperado
E totalmente conformado
Pela vida e sua circunstância
Que faz da profecia uma rara substância

Mas não tardou para se profetizar
E nem deu tempo para analisar
Claro que em minha frente
Vi de repente
Uma configuração da natureza
Decalcada da sua beleza

Toda ela extravagante
Uma moldura elegante
Verdadeiro produto da profecia
Que dela faz a minha existência
Por ela meu coração se fortaleceu
E preconceitos esqueceu

Praticamente
Desassociei a minha mente
Da demência eminente
Para provavelmente
Incutir a realidade
Da presença daquela celebridade 

Sistematicamente minha cúmplice
Dona de todos meus roteiros
Voz deslumbrante dos escuteiros
Símbolo de apocalipse
Antídoto de minha velhice
Tu és verdadeiro vinho no cálice