Charles Araújo

CAOS E GLÓRIA

 

 

CAOS E GLÓRIA

 

Que as divindades aflitas,  

Em sua loucura intensa,  

Sorver o amargo vinho,  

Embriagando-se com a eloquência  

Das sangrias azedas do templo de Dionísio.

 

Enquanto os inglórios se regozijam  

Nas promessas de Delfos,  

E os arautos proclamam sua honra  

No alto do Olimpo,  

Assim, entre danças e júbilos,  

Brinde com espumante puro,  

O preço de sua redenção.

 

Entre acertos e contendas,  

Acordos e tratados,  

Que cada gesto seja pacífico e cortês,  

E, antes que o prenúncio do fim se anuncie,  

Entoe-se a sinfonia das seis,  

Com arpejos harmoniosos  

E acordes que dissipam as dúvidas.

 

Que cada manhã floresça colorida,  

Após as noites cinzentas,  

E, entre nuvens de tempestade 

e o infinito céu azul anil,  

A sorte seja proclamada,  

Como a dos heróis de Termópilas.  

E que o castigo decretado  

Alcance os que fogem  

Da fúria do Vesúvio.

 

Pois, entre o castigo de Pompeia  

E a glória de Esparta,  

Reside sempre a fúria e a guarida  

Das divindades que governam o caos e a ordem.

 

C.Araujo