Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte
Sou aquela que passa e ninguém vê
Sou a esperança de um mundo melhor
São tantas as mazelas e atrocidades humanas
Poluindo os rios e os mares
Derrubando e queimando as florestas
Envenenando a terra com agrotóxicos
A minha dor não fala, anda sozinha
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio
Vejo homens matando uns aos outros
Em nome do dinheiro, das drogas, do poder
Também ando a gritar, morta de sede
Pedindo a Deus a minha gota de água
Neste deserto seco que é o mundo dos homens
Estupram, roubam, mentem, enganam
Haverá fim para minha angústia?
Ninguém me ouve, ninguém me percebe...
Rezo, grito e choro
Sou a esperança de um mundo melhor
Contém trechos de obras de Florbela Espanca. Florbela Espanca (Conceição/Portugal, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos/Portugal, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d\'Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. (Wikipédia)