O verso escrito que fere
Do coração maldito que escreve
Não é belo nem lido
Para olhos atentos é lixo
Uma aberração de palavras cuspidas
Um filho de noites mal dormidas
O verso escrito sem vontade
Denúncia a única verdade
Que não há um arrependimento
Tudo está rendido ao silêncio
E o homem ? Ah este covarde perene
Que por prazer e paz se vende
Há de recitar no inferno poemas infinitos
O monólogo eterno silenciará seus gritos
A mercê de vis pensamentos vivos
Nem sua sombra deixará vestígios
Há versos que nunca são lidos
Mas por alguma razão são escritos
O homem que rima, chora e delira
Mas o poeta eternamente se inspira
Pois o verso escrito é sempre recitado
Ele nasce no \"declamar \" de cada lábio
E assim reside nas páginas por milênios
Se alimentando de amores efêmeros
Reina a tirania absoluta do vazio
Na sombra de seu coração servil
Restam restos rostos e suicídio
Declamando agora em suplício
Há um homem entre o papel e o precipício
O verso se torna seu refúgio e vício!