victoremmanuel

Tribunal da \"justiça\"

O sino toca devagar; desperta estrelas, que irão brilhar

Em um tempo distante, onde só as sombras vão vagar.

O mulato, assombrado, acorda e percebe mais uma vez

Que o tempo se arrasta, como um sonho que não se fez.

 

O réu primário clama por sua inocência,

Dizendo que injúrias não são sua ciência.

Agora, a tribuna pondera a respeito do veredito final,

Mas o martelo hesita, com um pesar quase natural.

 

Eles sabem que a vítima repousa no duro chão,

E duvidam que a culpa recaia na injusta mão.

A advogada e o acusado já se esqueceram da causa,

Mas ainda seguem forte na batalha infame e difusa. 

 

O juiz se põe na frente da plateia espantosa;

Começa a dissertar, para não deixá-la furiosa.

A ânsia domina a judicatura insidiosa,

Que busca por justiça, na arena impiedosa.

 

Os provérbios são ditos, a sentença é declarada,

O veredito é recebido, a verdade é pesada.

Caso encerrado, os resultados são medidos,

E a justiça, por fim, é de má forma concedida.