O sino toca devagar; desperta estrelas, que irão brilhar
Em um tempo distante, onde só as sombras vão vagar.
O mulato, assombrado, acorda e percebe mais uma vez
Que o tempo se arrasta, como um sonho que não se fez.
O réu primário clama por sua inocência,
Dizendo que injúrias não são sua ciência.
Agora, a tribuna pondera a respeito do veredito final,
Mas o martelo hesita, com um pesar quase natural.
Eles sabem que a vítima repousa no duro chão,
E duvidam que a culpa recaia na injusta mão.
A advogada e o acusado já se esqueceram da causa,
Mas ainda seguem forte na batalha infame e difusa.
O juiz se põe na frente da plateia espantosa;
Começa a dissertar, para não deixá-la furiosa.
A ânsia domina a judicatura insidiosa,
Que busca por justiça, na arena impiedosa.
Os provérbios são ditos, a sentença é declarada,
O veredito é recebido, a verdade é pesada.
Caso encerrado, os resultados são medidos,
E a justiça, por fim, é de má forma concedida.