Amor e Maré
No espelho dos meus sonhos, te vi chegar,
A alma que minha alma sempre buscou,
Num doce encontro, as estrelas a brilhar,
Nosso destino em um só fio se entrelaçou.
Em teu abraço, encontrei o meu abrigo,
Cada sorriso teu, a cura para o medo,
E no teu olhar, o infinito, o amigo,
Que transformou em luz todo o meu segredo.
Mas a maré do tempo, implacável e fria,
Veio roubar-te das praias do meu ser,
Deixando apenas o eco da agonia,
De quem um dia amou para depois perder.
Agora, em águas turvas, estou submerso,
Afogando-me nas ondas da solidão,
E cada lembrança é um verso,
Que sangra e grita em vão pelo perdão.
Ainda vejo o brilho de teu sorriso,
Mesmo enquanto mergulho na escuridão,
Tua ausência é um abismo, um impreciso
Eco que rasga meu peito em frustração.
Deixo-te ir, pois assim deve ser,
Mas cada passo, uma lâmina que corta,
Pois te amar foi meu nascer,
E te perder, o naufrágio que me transtorna.
O oceano que agora me consome,
É o mesmo onde tua voz ecoava,
E enquanto teu nome lentamente some,
A solidão, como um manto, me enclausurava.
Ah, se o destino tivesse outra trama,
Se a maré pudesse a ti me devolver,
Mas o amor verdadeiro não reclama,
Aceita o partir, mesmo que seja morrer.
Ainda te guardo no peito, eternamente,
Minha amada, minha alma gêmea,
E se a dor me faz refém, persistente,
É porque te amei em cada pequena gema.