reparem como nos olham infelizes
as bolas que nunca foram quicadas
e as bonecas distantes das crianças
havia um espaço de cores sonhado
de gramados, de quadras e de chão
e agora acordam num mundo pardo
murchando em caixetas de papelão
por fora, têm as vestes desbotadas
e mecanismo de piscadas, em vão
por dentro, só as frases esquecidas
é sorte delas não trazerem coração
são tais quais os poemas solitários
fadados ao descaso: triste condição
compostos de seus tantos sentidos
que só com a releitura se revelarão
prefeririam tê-los incompreendidos
que suportarem tamanha desolação
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 13/08/24 --