Pai é artesão dos seus filhos
Nem sabe quantas almas tem
Talvez são cinquenta ou cem
É fiel a visão de se comparar
Há no Papai Ferreira Gullar
Homero e Luís de Camões
Shakespeare e Drummond
Pablo e Vinícius de Moraes
E há heterônimos de Papai
Tal qual Fernando Pessoa
Ferreira e Trem de Alagoas
Jorge Lima, Gonçalves Dias
Olavo Bilac e suas poesias
Citam as almas que ele tem
Pai é maquinista de Trem
Filhos são vagões de alegria
O Papai é claro, mas é raro
Tem olhos languidos fugidio
Seu coração nunca está vazio
Filho espera que o Pai segure
E nas descidas não o empurre
Papai é escudo dessa jornada
E dá seu amor sem pedir nada
Que seja infinito enquanto dure
Papai é sempre extensão do filho
Se a terra acaba o mar principia
Ele é barco do filho na travessia
No “mundo de tantos espantos”
Papai é o forte, mas dá acalanto
Céus se misturaram com a terra
Entre Pai e filho tudo se encerra
Salve o Papai o poeta de tontos