Samuel SanCastro

Sala de espera

Sentou-se do meu lado o tal sujeito

Dessas pessoas que arfam para se sentar

Contou-me uma anedota trivial

Sobre alguma coisa banal

Ri,

Era o que o homenzinho precisava...!

Para dizer tudo o que pensava

Sobre política, sobre a vida é até escatologia

E eu que não queria conversar

Balançava a cabeça com dissimulada reverência

A fingir que de fato atentava para o que ele estava a falar

O assunto divagava sem qualquer conexão

Sobre as decisões da presidência,

A cunhada de sua vizinha e a divina providência

Tudo o que eu queria era sair dali

E assim, sem cerimônia, levantei-me e saí

Sem inventar qualquer desculpa

Fiz apenas aquela cara de urgência

De quem tem que tirar o pai da forca

Quem sabe outro dia, com outra paciência

Eu escute com resiliência

E ainda consiga Quintanear

Sobre como essa vida é louca.