No primeiro dia, caderno novinho,
Com o coração na mão, fiz um plano sozinho,
Desenhei um coração na última folha,
Entreguei, ruborizado, um bilhete à escolha.
Declarei meu amor com palavras bonitas,
Mas ela, distraída, olhava as escritas,
Pensando ser tarefa de escola, fez um favor,
Deixando no caderno do professor...
Meu \"eu te amo\" virou \"desculpa, foi confusão!\"
E eu, vermelho, transformei a frustração
Em um poema de rimas que nunca teve exposição.
Na festa junina, um novo intento,
Cheiro de pipoca, chapéu desatento,
Puxei sua mão, bem perto do peito,
Vi aquele sorriso, um raio perfeito.
Tentei falar, mas engasguei no exposto,
O \"eu gosto de você\" soou como \" \"Eu... g-g-g-gosto...\"
E o sino tocou, o beijo sonhado virou desgosto.
Na feira de ciências, um plano infalível,
Um projeto de amor, de química visível,
Um bilhete passado, mas foi pro lado horrível,
O professor achou e leu, “Amor é reação?”
E eu fiquei mais vermelho que a combustão...
Ela olhou, confusa e serena,
E eu, calado, fiz de conta que era cena.
Chegou a formatura, último ato,
Mesmo com o coração cansado e ingrato,
No baile da escola, criei um plano perfeito:
“Convidá-la pra dançar, do jeito direito.”
Mas tropecei no vestido que surgiu;
Ela riu novamente, de forma doce e sutil,
E eu ri também, agora resignado e juvenil.
Assim passaram-se anos, de tentativas e risos,
Cada declaração perdida em abismos,
Mas algo persistia, entre a frustração e o humor,
Uma faísca de esperança, um eterno calor.
Porque, no fundo, o amor é isso,
Uma comédia de erros, um eterno improviso.
O tempo passou, mas ainda lembro resiliente,
E assim concluo, com coração contente,
Que amar é tentar, mesmo que de forma inconsequente,
Pois cada tropeço e cada risada
Fez valer a pena minha jornada encantada.