A estória começa em um reino sem encanto,
Onde a beleza era um mistério distante.
A princesa feia, com aparência sem agrado,
Abre o concerto; sua voz é um eco amargo e desafinado.
Os vidros se estilhaçam com a melodia cruel,
E a música, sem harmonia, faz o ambiente ser infiel.
Os cantores se contorcem em desespero agudo,
Mas a princesa persiste, em êxtase absoluto.
Um sapo de beleza rara, saltitando por entre a praça,
É cativado por uma nota da horrenda canção, e não a desclassa.
Vibrando com a melodia, ele entoa o refrão,
Pensando ter encontrado alguém de sua própria nação.
Ele pula alegremente, acreditando em sua sorte.
Como um príncipe encantado, busca a rainha com grande porte.
A princesa feia continua a cantar e todos no salão
São vítimas da sua música, perdendo o coração.
Sem perceber que sua canção lhes causou um triste fim,
A princesa sorri, achando que deu uma última alegria a cada um, enfim.
Em êxtase, comemora sobre o palco sombrio,
Enquanto um belo sapo a observa; seu olhar tem tanto perfil.
Na narrativa esperada, aquele é o momento do beijo,
Onde a princesa e o sapo compartilham um desejo.
A princesa, com um olhar apaixonado, se aproxima do sapo,
Ele, encantado pela canção que só os mais belos sapos compreendem, não vê o golpe.
Ela o abraça, e em um beijo, tenta quebrar o feitiço,
Mas o sapinho, tragicamente, morre sem virar príncipe.
A razão do triste fim? Um detalhe não menos fútil:
A princesa, ignorando a higiene, não escovou os dentes por três dias,
E o aroma do molho de cebola era, para o pobre sapo, insuportável.
Assim, o beijo que poderia ter rompido o feitiço foi em vão, tão lamentável.
FIM