Marcelo Aug

Eu e o travesseiro

Oh, doce travesseiro macio,

Almofada de minha preguiça,

Que aprisionas meu cansaço,

E exilas a justiça.

 

Oh, doce travesseiro macio,

Oásis de minha insuficiência,

Que absorves minha melancolia,

E exalta minha incompetência.

 

Oh, doce travesseiro companheiro,

Que me acolhes em minha fraqueza,

Que me fazes esquecer do mundo inteiro,

E alimentas minha insignificância.

 

Silêncio absoluto me envolve,

Apenas a coruja fala,

Ela sabe mais do que eu,

Sobre a vida e sua sina.

 

São 4 da matina, hora indecente,

E eu ainda estou aqui escrevendo,

Falando sobre um travesseiro macio,

Como se fosse minha única perdição.

 

Os olhos fechados que tristonhos,

Ocultam minha sem-razão,

Pois quando durmo sou dono,

Da vida, das ilusões e da criação

 

Sou um poeta insolente e sarcástico,

Mas nada disso importa agora,

Apenas quero dormir em paz,

E esquecer todas as agruras.