Harunari

Ópera sem voz

Hoje não há muitas lamentações, nem coros ou lírios 

Para meras saudações 

Há apenas risos sem compromissos

 

Mas em cada olhar um vazio que se estende até me alcançar

Em cada sorriso, um grito perdido

E no meio há a solidão como um fantasma que nos persegue sem temer,

Mesmo em meio à imensa multidão

Sinto sua presença ao vagar no canto de meu olhar agora trêmulo. 

 

Como o copo cheio de licor

Por dentro, a verdade se esvai como um todo.

E assim tudo se dissipa no deserto do tempo

Deixando apenas lembranças vazias no meu passar.

Nossos sentimentos se diluem em água pura e cristalina

 

Em um canto, há uma lágrima ecoando

Dentro do manto do caos, a beleza se revela,

A verdade encontra seu caminho

E a vida segue seu curso.

As flores murcham, e os lírios se vão com o nascer do outono.