Nasci menino, pequenino,
talvez fino. Não me vi,
mas eu nasci.
E noite afora foi embora
a madrugada. Sem estrela,
sem rei mago, o local
uma tapera.
Lavrador e carpinteiro
foi meu pai. Mas era
Antônio, e ninguém era
José.
De Maria minha mãe não
tinha o nome, mas a fome
perseguia tal família.
E fugiram, num jumento
de seis rodas, para a terra
prometida de São Paulo.
O paizão ganhou terreno
para eterno descansar.
E a viúva, quanto pode,
aos seus órfãos deu a luz,
deu primeira comunhão
e falou-lhes de Jesus.
Jair Zabotini