Harunari

Encruzilhada de sombras e névoa

O que era cristalino se tornou opaco

O trato de antes foi de ser roubado

Nada a temer e nem a se esconder

Somente o pesar que carrega em vossas almas a correr

 

A mim não há nada de se fazer

Se esconder nunca foi opção 

Do que adiantaria

Se me encontraram a vagar

Nas ruas estreitas e sem saída

 

Olhar não adianta mais

A cegueira tomou conta da visão

E o enxergar já não existe mais

 

O que me resta é gritar e destrinchar

Voltem, por favor, uma única e mera vez

Uma súplica é apenas o que me resta

Ninguém ouve meu coro a chorar

 

Pelas ruas minha voz ecoa como num sopro a guiar pelas ventanias de teus olhares agora impiedosos

Que só voltam a escória ao outro

 

Não sinto mais o calor de teus corpos

Nem o aconchego de teus antigos olhares

Vocês se foram feito café em tarde matutina

E o que voltou não era o mesmo de antes

 

Em versos e mais versos arritmados,

Sem a presença de rimas

Meus pensamentos vagam

Em versos sem espaço

No compasso de seu antigo abraço apertado

 

A solidão tomou conta de meu reino

E agora não passa de mais um retiro

Nunca saberei explicar se isso foi uma benção ou uma corrosão