Vários anos somem assim como se um cometa os tivesse levado para longe.
Uma parte do quebra-cabeças foi perdido para sempre e
Não se consegue mais formar uma imagem.
O café agora é mais amargo, tomo-o acompanhado da ausência.
Os espaços da casa ainda possuem memórias vivas, mas a vivacidade foi-se com o cometa.
Agora estou sempre certo e isso está errado.
Reviro o baú dos defeitos tentando afastar à ausência.
Deixo a porta aberta esperando o som do fechar por trás de mim, esperando ouvir passos apressados para me alcançar; mas ela sempre permanece aberta e os passos que ouço são os da solidão.
Não durmo, não durmo, não durmo.
Não penso em dormir, porque o silêncio me atrapalha, a cama se tornou tão grande quanto o universo.
E eu sou humano, sou tão pequeno para isso tudo, sou tão pequeno que a ausência não cabe em mim.
Ah! Se eu pudesse escrever...
Se pelo menos soubesse formar uma frase, talvez eu pudesse escrever o pretérito mais que perfeito que tive e mostrar como me sinto no presente.
Por enquanto, essa ausência é como um verbo no infinitivo.
Se eu pelo menos soubesse conjugar...
Conjugaria todos os meus sentimentos em versos.
Mas também não sou poeta, sou apenas a tua ausência.