MEMÓRIA PÓSTUMA
Quando, inevitavelmente, eu for esquecido, no dia em que meus restos mortais repousarem sob uma lápide, restará apenas o que deixei registrado. Durante minha vida, empenhei-me para ser a melhor versão de mim mesmo. Reconheço que não alcancei as expectativas de todos, mas cada um teve a liberdade de formar suas próprias conclusões sobre minha existência.
Vivi sem o peso constante do julgamento alheio, e sem julgar aos meus semelhantes, mas ciente de que, apesar de meus esforços para promover o bem, sucumbi, por vezes, às fragilidades do ego humano. Falhei com meus preceitos éticos sociais e, por vezes, aos divinos, mas me esforcei, dia após dia, para melhorar. Parti deste mundo com a certeza de que não há nada mais valioso do que viver a vida aceitando tanto o bem quanto o mal que ela nos oferece.
Na serenidade da aceitação, experimentei momentos únicos em profundos encontros com meu eu interior. No fundo do meu ser, encontrei refúgio para o cansaço e a ansiedade humanas e um alívio para as dores mais profundas. Mas também encontrei proezas e maravilhas além da incrível força e resiliência humana.
Assim, aos que permanecem, digo:
Vale a pena viver, mesmo quando o sentido parece confuso. A vida mortal, com todas as suas complexidades e desafios, é a mais fascinante experiência que podemos ter neste vasto universo. O verdadeiro valor não reside na busca incessante por um significado absoluto, mas na aceitação das nossas imperfeições e na celebração das pequenas vitórias que definem nossa jornada.
A vida não se resume a uma série de conquistas ou fracassos, mas sim na forma como vivemos cada momento com integridade e autenticidade. É ao aceitar o que somos e o que falhamos em ser que encontramos a verdadeira beleza da existência. Que, ao refletirmos sobre nossas vidas, possamos abraçar tanto a perfeição quanto a imperfeição com serenidade e gratidão, sabendo que cada passo dado, por menor que seja, contribui para a grandiosa jornada da vida.
C.Araujo