Marcelo Veloso

SAUDADE

O encontro que o tempo traduz em encanto,

seja de uma foto num quadro na sala, lá no canto,

ou um aroma agradável de um suave perfume,

seja de um livro “surrado”, de capa desmanchando,

ou um simples reviver de qualquer memorável costume.

 

Isso não é uma efêmera recordação do passado,

e, sequer, uma ação memorativa de esmero ou bondade,

nem um apetrecho lúdico de acontecimentos e narrativas,

é, tão somente, um momento único, intitulado saudade.

 

O sentimento que a vida produz em lembrança,

seja de uma história contada com serenidade e desvelo,

ou uma música melodiosa, ouvida com candura e paixão,

seja de uma mensagem enviada com um despretensioso desenho,

ou um vídeo repleto de cenas, registro de amor e muita emoção.

 

Isso não se registra, nem personifica como nostalgia,

muito menos nomina como ausência de realidade,

não combina, sequer, como mitigador de sofrimento ou solidão,

é, apenas, um fenômeno contagiante chamado saudade.