Outrora por amor fui cego
Outrora sem pudor fui servo
O anseio que me tinha como escravo
Como um cão leal miserável
Era também senhor dos meus passos
E o lamento que se convertia em poesia
Transformava minhas noites em agonia
Te fazia uma necessidade urgente
O sangue da minha alma escorria
De uma pele já morta e fria
Era o cadáver de um amor deprimente
Entre danças, mentiras e beijos
Aquelas noites duraram milênios inteiros
O seu sorriso, nunca mais quero vê-lo
Nem seu corpo, nunca mas senti-lo
E ao coração, pretendo esquecê-lo
Pois minha alma já perdeu seu brilho.
Sim, sou um mentiroso compulsivo
Em outras palavras, um poeta legítimo
Quem dera odia-la e esquecê-la
Que meu coração não a tornasse perfeita
Para mim, instável, inconstante, insólito
Maria declama um longo monólogo.