bell

mãe, pai…

é uma merda ter que filtrar tudo o que eu falo pra vocês.

 

não tá escrito o quando eu queria poder dizer tudo o que eu passo,

tudo o que eu penso,

contar sobre as pessoas que eu gosto,

sobre as que eu desgosto

e sobre todas as minhas dores.

 

só deus sabe o quanto eu invejo meus colegas que podem contar tudo pra pessoas que tem o mesmo papel que o de vocês,

sem ter medo da reação.

 

eu queria poder falar sobre garotas,

sobre todos os problemas que eu passo por ter assumido essa parte de mim,

sobre o fato de que eu já sofri de amores por aquele garoto que fez aquela coisa horrível comigo,

queria também contar piadas pesadas e idiotas porque elas são engraçadas e no fundo vocês amam elas.

mas não dá.

 

não dá porque eu percebo seus desconfortos,

a cada frase sobre aquela garota,

a cada frase sobre aquele garoto,

a cada piada idiota,

vocês deixam muito na cara.

 

mas eu adoro vocês do mesmo jeito,

porque são praticamente tudo o que eu tenho,

por mais que eu queira ser mais aberta e extravasada,

por mais que eu queira mostrar minhas imbecilidades pra vocês,

porque eu sei que se não fosse eu falando vocês ririam.

 

eu brigo muito com vocês,

respondo muito,

mas acima de tudo eu vos amo.

 

me desculpa por todas as minhas imperfeições,

me desculpa pelas minhas falhas,

desculpa eu mentir,

desculpa eu odiar estudar,

me perdoem por ser tudo aquilo que vocês mais queriam que eu não fosse.

 

eu não gosto de cansar vocês,

não gosto de errar com vocês

e não suporto machucar vocês.

 

mas eu não sou nem um pouco perfeita,

eu tô bem longe disso na realidade.

 

mas vocês são praticamente tudo pra mim,

só que o que eu mais queria era que esse “praticamente” sumisse,

fazendo com que a frase virasse:

 

“vocês são tudo pra mim”