Dia desses ganhei de presente uma das frases mais bonitas que já me disseram.
Me veio de um coração gigante que tive a sorte de cruzar com o meu.
Acho que ele nem sabe o quanto essas palavrinhas mudaram tudo pra mim.
Nunca me vi como alguém fácil de ser amada, muito pelo contrário, minha existência foi algo que sempre carreguei com um pedido de licença.
\"Desculpa pelo transtorno, mas eu sou muita coisa.\"
Eu escancaro minhas portas em primeiros encontros com um convite: que você, por favor, repare primeiro na bagunça.
Eu não posso me aninhar antes dos termos de uso assinados.
\"Estou ciente e quero continuar.\"
Essa vez seguir de novo o protocolo; desmontei as armaduras, apresentei a casca frágil e gasta por baixo das bandagens, os choros desavisados, a tendência é acabar com tudo antes que acabe comigo.
Eis que um desses meus sumiços, em fuga completa da minha sanidade, pouco após a apresentação das minhas avarias, quase repito autoflagelo de me isolar, como tendo a fazer em dias ruins.
É quando me chega o recado sucinto, sincero em poucas letras que dá gosto diferente a tudo que eu conheci:\"aceita o meu carinho.\"
Mais tarde, já em casa, o coração gigante riu da cama bagunça como se fosse nada, beijou os calos e se ninou com minhas histórias obscuras.
Naquela noite eu me peguei pensando em quantas vezes acidentalmente recusei amor.
Por pensar que não merecesse, por negar presentes...
Um corpo acostumado com frio se assusta com o quente.
Mas dessa vez ele fez questão de me aquecer.