Sou como o Rio das Lágrimas
Sou como o rio das lágrimas que escorre no leito do irmandar da madrugada,
Chuvas que abraçam um vazio profundo sobre as ondas da noite.
Sou como olhos que choram, o choro das feridas fecundadas.
Sou como a fome mental que destrói,
Enquanto o povo grita por auxílio,
Mas meus pés prendem o gatinhar das mãos na palma do madeiro,
Ferindo a sensibilidade dos que constroem o caminho.
Sou como uma poesia que carrega a mensagem de amor,
Mas, ao final, seu sabor é amargo...
Eu sou a dor e o tormento das noites escuras,
E o silêncio da morte.
Odeio a mim mesma,
Pois meu ser é tão sombrio quanto sonhos enganadores.
Enfim, meu desejo era ser uma lua fragmentada,
Para encontrar descanso na madrugada perdida.
Sou como uma sombra que abraça o desespero,
Ecoando gritos mudos no vazio da alma.
Sou como uma flor murcha num jardim abandonado,
Testemunha silenciosa da decadência.
Sou como uma chama vacilante no vento gelado,
Tremendo, quase apagando, mas ainda resistindo.
Sou como um pássaro com asas quebradas,
Sonhando com o céu, mas preso à terra.
Sou como um espelho partido,
Refletindo fragmentos de um ser despedaçado.
Sou como uma tempestade que ruge na noite,
Desafiando a calma, espalhando o caos.
E, no fim, sou a procura incessante por uma luz,
Uma faísca de esperança no abismo profundo,
A desejar ser a lua, não mais fragmentada,
Mas plena, iluminando a escuridão da madrugada.
By: Biopoetisa