Tinha um perfume em minha infância,
que eu gostava tanto e inventava de passar em mim.
Porém, não entendia por que o cheiro dele não fixava.
Não importava quantas vezes eu passava,
ele nunca mantinha seu aroma.
Isso começou a me intrigar, pois percebi que esse tal perfume
fixava completamente em uma única pessoa.
E aquilo me fez pensar se o problema era eu.
O tempo passou, e eu não quis mais aquele perfume.
Amadureci, e aquele cheiro já não tinha tanta importância,
pois era um aroma que me agradava apenas quando eu era criança.
Hoje, porém, ele se tornou enjoativo demais.
Ao passar em frente à prateleira da lembrança,
lá está aquele perfume, me olhando,
como se o frasco me pedisse para tentar usá-lo pela última vez,
acreditando que dessa vez ele se fixaria em mim.
No entanto, sou eu quem não precisa mais desse cheiro,
pois ele sempre foi superficial e tóxico para minha pele.
Hoje, esse perfume tenta a todo custo participar da minha coleção,
mas nela não há espaço para aromas falsos e baratos…