Nelson de Medeiros

CRENÇA

CRENÇA


Na madrugada ao bardo tu disseste:
- Vou, mas volto, meu amor te afiança!
-Nada existe que impeça esta aliança
Que acredito ter origem celeste!

-Também creio, disse o vate inconteste,
-Não há nada que supere a esperança,
Pois como fé, é virtude que encanta,
E, dela toda minha alma se veste!

Infeliz de quem a cultiva e pensa
Ser ela a mais condescendente crença,
E que, da dor, fazer ventura possa!

A esperança é falsa, lisonjeira,
É quase ideologia galhofeira,
Pois, das crenças é que mais d!Alma troça!

Nelson De Medeiros