Escrever até pode ser mais fácil
Quando dizer é mais difícil
As não ditas palavras frias e surdas
Neste mundo como descrito o ser humano é um cisco
Usamos verbos raros que de certo autodeclaram a grandeza de espírito
Mas de que tempo é espírito?
É possível ser pobre ou rico quando o ser é soletrado?
Ou é mais um conceito pálido e oco? De verbo volátil, mas vigoroso?
Viver é mais fácil conjugar quando a vida é do outro
O outro: desejo pelo sujeito ou pelo objeto. E se isto ou aquilo: direto ou indireto?
A gramática desse dilema é mais simplória. A ortografia que é indefinida, glória circunscrita e que não se passa do rascunho.
Não há um roteiro concluso.
Já as personagens são intencionais e ocultas, outrora impessoais e nada empáticas
A riqueza é só objeto para quem o sujeito se ambiciona transitivo e transitório.
Incerta é a trajetória do sujeito indeterminado
Proferida em frases inconclusas e em discursos desconexos e embotados
E assim se esvai a vida que só acontece porque há morte predestinada. Um tanto da matéria e forma que não pode ser consumida, a morte recicla.
Neste texto, a morte é o verbo que se conjuga mais forte. Em um tempo que ignora a lápide que deteriora enquanto a flor do laço aflora
Morrer é o mais fácil -
Disse o sujeito que partiu sem ser ouvido ou lido.
Há quem contradiga o que não é dito nem escrito? Talvez seja essa a única indiferença.
Disfarça a pretensa esperança e vida humana seguindo em cortejo enquanto cerram portas e janelas.
Mansa é a vida depois que a alma descansa?
Assim conjuga ser humano com o futuro do pretérito que de modo perfeito.
Eu seria ouvido se houvesse pessoa no plural ou seria lido se houvesse o outro não se perdido. Eu teria vivido se o presente fosse em gerúndio e pessoal?
Ser humano é ser bem menos que perfeito, mas presente é o tempo do elo perdido e que não pode ser de novo feito.