E tu IA?! Com teu afasto
querendo fazer bem
Se teu rápido não fala
É distante de quem vem
E tu IA?!
Quero ver tu
Com teu olhar
caolho Insosso e sem mesmo tu
Quero ver tu me dás um abraço
Sentir e soluçar
Sem colo e consolo
Chupeta que faz ninar
Quero ver tu e tua tecnologia
Ser Carrapeta que faz rodar
Pião que gira a tremer
Baladeira a procura de uma gola
Achaprão que bate a prender
Quero ver sentir medo
Esquina a correr rápido
Estrada da serra que faz subir e descer
Lavoura que anima e faz render
Quero ver se tu sentes cheiro
Do café coado e do cuscuz
Do baião inda de dois
Com ovo caipira trazido do terreiro
Se teu liga é feito pilha
que faz rádio falar
Menina que faz gemer sem doer
Estrelas contadas ao céu
Verruga na pele a coçar
Curral com cheiro de boi
Cancela que grita o chegar
Aboio de vaqueiro
e Lida de sol dia que se foi
Quero ver IA
Sentar a calçada grande
Separar as espigas douradas
Fazer canjica e pamonha ao ferver
Dar mote, rima e fazer verso
Prender caboclo valente a beber
Dar lance em quermesse
Enquanto de relance Corre
na fita dos olhos o bem viver
Quero ver teu sentir a um beijo
ver teu cansaço e teu pingado suor
Ouvir ao longe teu suspiro
Escutar teu lamento sem dó
Ouvir tua fala a ninar
Feito a mansa fala da mãe que se foi
Sentir a oração
Brincar de pega ladrão
Ou mesmo fazer um bolo
que te convida pro café
Na casa da querida vô
Te vê no balanço da cadeira
Olhar teu desatado nó
Ouvir tua história e teu penar
Saber qual foi tua escola
e o nome da professora do beabá
Dos teus amigos distantes
sem tua arapuca de prender
Saber se tu sabes o que é rabeca
Se já ouviste Fidelis e sua sina a cantar
Se já foste a recital dos Bandeiras
Entrar num auditório e chorar
Comer quebra-queixo e alfenim
Doce de côco preso ao paladar
Ir a feira dos pássaros
Escutar embolador
Assistir missa em pé Rezar
e orar pro criador
Se ouviste conversadeiras
Nas praças de um domingo distante
Tetê doido e pibite
Correndo atrás dos brincantes
Se já escutou um padre a rezar
Andar a assobiar pelo logradouro
Vê desfile de normalistas
Se banhar em açude
Correr descalço de um touro
E, assim, quanto conseguistes respirar
sentir um fungando da paixão
Caminhar em terra molhada
Sendo inverno ou verão
Se aprochegando e cantando
Os versos e o inverso da contramão
Sentindo o vento assobio
em suas dobradiças no sertão
Gritará a procura do mágico de Oz
Com tua surda e metálica voz
teclada feito teu rosto ausente
cansada, só e dormente
Se teu passado é só o presente
que teima em afastar o que sente
Minando tão rápido a vapor
O trilho do trem hoje ausente
Ser remanso e sombra
Ser o bom do que inda existe
O pouco do muito que se foi
E, ao escutar o som da cascata
que sopra versos e entoadas
lembrarás o fazer poesias
a rima de nostalgia
E quando bateres a porta
abraçando sem braços o teu irmão “gugou”
deixarei à espera pensar
O pouco do que tu já sugou
Não por mim Mas pelos meus
Que teimarão a querer pensar, descobrir e sentir
A Queimar pestanas, sorrir e viver
Está perto do que fez bem
Escutar a voz dos que o tempo lapidou
Respirar e ir a pena
Sem pena de se vestir
com o sorriso do sentir
Sem remorso e sem fios
Um pouco do arrepio
do tempo machucado que se foi.
Motta, R 12 de Maio de Um tal de Vinte Vinte e 4. Juazeiro do Padre Cícero, Estado de Graça do Cariri.