Roberio Motta

AOS QUE INDA OUVEM: O Matuto e a InteligĂȘncia Artificial (IA)

E tu IA?! Com teu afasto

querendo fazer bem

Se teu rápido não fala

É distante de quem vem

 

E tu IA?!

Quero ver tu

Com teu olhar

caolho Insosso e sem mesmo tu

Quero ver tu me dás um abraço

Sentir e soluçar

Sem colo e consolo

Chupeta que faz ninar

 

Quero ver tu e tua tecnologia

Ser Carrapeta que faz rodar

Pião que gira a tremer

Baladeira a procura de uma gola

Achaprão que bate a prender

 

Quero ver sentir medo

Esquina a correr rápido

Estrada da serra que faz subir e descer

Lavoura que anima e faz render

 

Quero ver se tu sentes cheiro

Do café coado e do cuscuz

Do baião inda de dois

Com ovo caipira trazido do terreiro

 

Se teu liga é feito pilha

que faz rádio falar

Menina que faz gemer sem doer

 

Estrelas contadas ao céu

Verruga na pele a coçar

Curral com cheiro de boi

Cancela que grita o chegar

 

Aboio de vaqueiro

e Lida de sol dia que se foi

 

Quero ver IA

Sentar a calçada grande

Separar as espigas douradas

Fazer canjica e pamonha ao ferver

 

Dar mote, rima e fazer verso

Prender caboclo valente a beber

Dar lance em quermesse

Enquanto de relance Corre

na fita dos olhos o bem viver

 

Quero ver teu sentir a um beijo

ver teu cansaço e teu pingado suor

Ouvir ao longe teu suspiro

Escutar teu lamento sem dó

 

Ouvir tua fala a ninar

Feito a mansa fala da mãe que se foi

Sentir a oração

Brincar de pega ladrão

 

Ou mesmo fazer um bolo

que te convida pro café

Na casa da querida vô

Te vê no balanço da cadeira

Olhar teu desatado nó

 

Ouvir tua história e teu penar

Saber qual foi tua escola

e o nome da professora do beabá

 

Dos teus amigos distantes

sem tua arapuca de prender

Saber se tu sabes o que é rabeca

Se já ouviste Fidelis e sua sina a cantar

 

Se já foste a recital dos Bandeiras

Entrar num auditório e chorar

Comer quebra-queixo e alfenim

Doce de côco preso ao paladar

 

Ir a feira dos pássaros

Escutar embolador

Assistir missa em pé Rezar

e orar pro criador

 

Se ouviste conversadeiras

Nas praças de um domingo distante

Tetê doido e pibite

Correndo atrás dos brincantes

 

Se já escutou um padre a rezar

Andar a assobiar pelo logradouro

Vê desfile de normalistas

Se banhar em açude

Correr descalço de um touro

 

E, assim, quanto conseguistes respirar

sentir um fungando da paixão

Caminhar em terra molhada

Sendo inverno ou verão

 

Se aprochegando e cantando

Os versos e o inverso da contramão

Sentindo o vento assobio

em suas dobradiças no sertão

 

Gritará a procura do mágico de Oz

Com tua surda e metálica voz

teclada feito teu rosto ausente

cansada, só e dormente

 

Se teu passado é só o presente

que teima em afastar o que sente

Minando tão rápido a vapor

O trilho do trem hoje ausente

 

Ser remanso e sombra

Ser o bom do que inda existe

O pouco do muito que se foi

E, ao escutar o som da cascata

que sopra versos e entoadas

lembrarás o fazer poesias

a rima de nostalgia

 

E quando bateres a porta

abraçando sem braços o teu irmão “gugou”

deixarei à espera pensar

O pouco do que tu já sugou

 

Não por mim Mas pelos meus

Que teimarão a querer pensar, descobrir e sentir

A Queimar pestanas, sorrir e viver

Está perto do que fez bem

Escutar a voz dos que o tempo lapidou

Respirar e ir a pena

Sem pena de se vestir

com o sorriso do sentir

Sem remorso e sem fios

Um pouco do arrepio

do tempo machucado que se foi.

 

 

Motta, R 12 de Maio de Um tal de Vinte Vinte e 4. Juazeiro do Padre Cícero, Estado de Graça do Cariri.