Harunari

Amarelo cor de primavera

Do que me recordo de minha infância era de uma árvore que as primaveras e verões nasciam flores de cor amarelada igual ao do detergente de minha casa.

 

Eu amava os verões tempos de férias e relaxamento, queria ter aproveitado mais esse momento de pernas ao ar, agora as mesmas se encontram sempre ao chão para andar.

 

De um evento que me marcou nesse tempo foi a morte repentina de meu querido pai, Augusto Almeida de Carvalho, lembro-me que com clareza o dia em que o verão não foi mais o mesmo.

 

Meu progenitor sempre estava em casa às 19 para jantamos em família, mas, no dia 29 de janeiro isso não ocorreu, minha mãe desesperada do jeito que era não esperou se passar nem quer passar 1 hora e já ia ligando ao amigo de seu amado aos prantos a ponto de colapsar e o mesmo a respondia com sinceridade e firmeza a demonstrando compreensão e apreço a situação, então, o mesmo se dispõem a ajudá-la com o que estava a seu alcance ela sem opção aceitou, porém, não desistiu de achá-lo, então, deixa eu em casa com a empregada D. Sarah.

 

Lembro-me vividamente quando minha mãe voltou para casa com o rosto inchado e vermelho com enormes lágrimas saindo de seus olhos que agora se encontravam igual ao dilúvio, no momento que vi tal cena meus olhos viraram o mar, nunca a vi chorar como naquela noite, então, tanto eu quanto D. Sarah fomos em sua direção desesperados.

 

- Mãe, o que aconteceu? - Falo com uma voz meio manhosa.

 

- Senhora, o que ocorreu contigo? - Diz D. Sarah com aqueles olhos verdes cor de mata arregalados, destacando o seu rosto branco cor de arroz.

 

- Augusto... Ele não está mais entre nós. Na volta para casa o ônibus dele sofreu um acidente e tanto ele quanto algumas pessoas que estavam dentro morreram e a maioria ficou gravemente ferido. - Discursava ela entre choros não se dando ao certo para se compreender de primeira, mas, logo após o entendimento meus olhos ficam iguais ao de minha mãe, se não, pior.

 

- O senhor Augusto, era um homem muito gentil e sábio, que agora esteja em um lugar melhor. - Fala cabisbaixa tentando conter a chuva de seus olhos. 

 

Dias correm e o enterro era algo inevitável, minha mãe fez seu discurso encarecidamente triste, enquanto os demais familiares o vangloriavam sendo que antes só o desprezavam com olhares de decepção e palavras de partir o coração. 

 

Esses eventos foram o estopim do homem que hoje me tornei, um senhor zangado, desapegado e frágil emocional os meus dias de alegria se foram assim como meu pai.

 

Já minha mãe, se tornou uma mulher fria e calada.

 

Por fim, é assim que concluo o meu ódio pelo verão e meu apreço a primavera, pois, é ainda a única estação bela que me resta não gosto nem do outono ou muito menos do inverno por serem frios e agora o verão por ter se tornado está estação tão desagradável.