SM Lino

Depois do Horizonte

 

A folha solta nos redemoinhos;

 

A alga que navega sem vela, motor ou remo;

 

Com objetivo e rota, certo de nunca chegar;

 

Toque, o tato me diz que nunca tive você;

 

Esteve a milímetros: sentia sua pele e seu hálito, seus olhos em mim!

 

Contudo, nunca senti sua mão na minha, nunca bebeu do mesmo veneno, nem entrou na balsa, para do outro lado, se banhar na insalubre doce utópica promessa;

 

Você não tem toda a culpa! eu estava entre ondas, na boca de “Ceto”, qualquer mão inerte e fria serviria de apoio;

 

Algo como você: \"monstro da volúpia\", \"mestre do controle\", hábil, deduz meu momento e me leva a tempestade, ao frio e ao abismo;

 

Ainda te orgulho: levanta seu tronco, bonito e impregnado de músculos e só, senta no meio fio e me vê desequilibrada, atravessar a rua tentando ir a praça;

 

Você sarcástico ri, acreditando como um pai imaturo, que jamais saberei ir ao divertido e deleite sem você;

 

Construo a dias e minutos, um poço onde vou te jogar, fundo o bastante para que seus gritos virem sussurros, e suficiente para ouvir meu sorriso, quando achar a folha da mesma árvore que eu caí, nos vendavais que você me lançou.

 

Por Sandro MS Lino