Nelson de Medeiros

QUERIDA AMIGA 


 
Ouvindo ao longe,  a melodia  antiga,
ressonando do afinado piano,
me revi menino provinciano
ladeado, então, por querida amiga!
 
Era um afeto real, doutro plano,
recíproco, sem enjoo ou fadiga,
sem qualquer mal-entendido ou intriga
e, que varava o tempo... Ano a ano!
 
Um dia ela se foi  pra ser doutora
e, ao vê-la partir, senti sem pudor,
a invulgar inquietação que ficara!
 
Porém, logo a dor n!alma se escancara,
ao ver que a doce amizade se fora
mas, carregara, também, meu amor!

Nelson de Medeiros