Eu ouço a voz do trovão [!]
Inicia, com seu rebento,
o fim da estação seca.
Inicia o fim dos dias de se esconder
nas sombras de um guarda-sol
e de meditar no quarto
entre vapores de suor e cigarro.
Das brumas que carregam os céus,
um número infinito de tons de cinza
típicos da paisagem no viço
da estação das moscas,
deixa respirar o ar fresco
da convergência dos ventos.
Ouço a voz do trovão [!]
De ronco grave ao sono;
direto aos sonhos;
em parte, aos pesadelos.
De fazer dançar os mortais
o balé inexorável do tempo.
Ouço a voz do trovão!
E espero ansioso o último verso
– imprevisível como um lampejo –
alcançar aos ouvidos e fazer ressoar
a inexprimível sinfonia de atroo
da natureza passageira das coisas.
14 Dez. 2017.