Malditos olhos que me cortejam
As ruínas, os fragmentos e os vestígios
Restos mortais de quem pensava estar vivo
Insaciáveis nuvens cinzas lacrimejam
As lágrimas que caem e me beijam
E assim sinto um desprezo Divino !
Universal e absoluto como antimatéria
Trago uma sina na riqueza e na miséria
Eis aqui, a solidão de um assassino
Acusam os filósofos de ser o destino
Mas como os anjos que caem e se desgraçam
Outrora eu também contemplei o paraíso
Perdi as minhas asas e o dom do sorriso
Ressurgindo para cair, sombras me abraçam
As memórias são feridas para eternidade
Somente uma vez amei, e amei de verdade
E o \"Amor\" o guia dos poetas para morte
Me tirou a solidão me seduzindo com esperança
Para sempre sem saber, torna-se vingança
Rastejei pelo escárnio como verme escariote
Eis o monólogo universal do egoísmo
Finco aqui meu testamento sem herdeiros
Infinitamente da solidão o hospedeiro
Matéria escura factual do pessimismo!