Ivan

DEPRESSÃO

Terríveis curtos-circuitos detonam meu orbe pessoal

E não me vejo em mim diante da minha consciência,

Sinto-me naufragado no vale sinistro das peçonhas,

Todo o meu pensamento viaja perante o metafísico.

 

Transcrevo nuances que perturbam minha sanidade

E já não sei por onde perambularam as experiências

De tão apagadas que se encontram... Não há luzeiro,

Uma escuridão nefasta apodera-se dos órgãos vitais.

 

Nada enxergo em derredor, torno-me escravo e cego

Das inconstâncias que me levam aos mares sem fim,

Onde já não há silhuetas das ilusões, apenas um sal

Que consome a glicose do prazer e me faz marionete.

 

Um universo travesso indecifrável é meu diagnóstico,

Um pavor íntimo me retrocede às angústias duma vida

Em que nada alimenta uma verve de sutil esperança,

Posto que uma incompreensão de tudo é meu retrato.

 

Perdi-me no âmago de mim mesmo... Sou o fantoche

Que se permite conduzir pelo palavreado alheio, sem

Nada entender do que me acomete... É uma doença

Que me transporta aos alicerces da morte infecunda.

 

 

 

DE IVAN DE OLIVEIRA MELO