Sezar Kosta

O POETA E A POETISA

Era uma vez um reino de poesia,

cuja imaginação habitava as casas

e povoava as ruas e avenidas de versos,

enquanto as tristezas se viam reversas.

Numa rua chamada Felicidade,

na esquina, pessoas recitavam suas rimas

em rituais de revezamento de estrofes.

 

Neste clima,

cresciam meninos e meninas,

todos sonetos descendentes de poemas épicos,

trovavam seus cantos e encantavam os visitantes futuros,

também os de agora e de antes.

Numa vila de poemas profundos

e temas diversos,

eis que veio ao mundo

o relato poético que agora revelo.

 

O poeta cresceu sem medo,

olhou ao vento que conduz a seta bem talhada do cupido,

desafiou com o olhar o anjo do amor

e numa disputa de rimas

foi travada a batalha entre a palavra e o sentimento.

Findado o embate,

sucumbiu o poeta ferido,

cuja flecha no peito sangrava

os prantos de um coração recém-atingido e apaixonado.

 

Na outra rua,

a poetisa do pomar provedora,

amiga das rosas, margaridas e cravos,

fincava novas sementes das mais belas flores,

perfumando todo o jardim.

Sem perceber, estava sob a mira de um poeta cego de amor,

cuja figura agora o inspirava

um mundo de cores vivas e brilhantes.

 

Ambos se viram e se enamoraram,

entre trovas e versos,

as palavras fluíam

de um para uma,

de uma para um,

formando um poema apaixonado e crescente.

Tão longo verso

logo chamou a atenção dos moradores do reino da poesia,

o então poema, agora já era uma prosa em forma de romance.

 

Esta história continuou a crescer

e todos os dias poeta e poetisa

acrescentavam novas estrofes do verdadeiro amor,

num testemunho sem fim

cuja narrativa preencheu de versos felizes

a vida da autora e do autor.