Nelson de Medeiros

RECOMEÇO

No auge da descrença duma insana vida,

o bardo sucumbe ao nefasto desalento!

Um torpor n! alma, a fala do tempo e do vento

lhe dizem que a paixão é sempre repetida!

 

Mas, será mesmo que a existência é sucessiva?

Partimos pro céu e voltamos pro tormento?

Cansado da lida, ele pensa, num momento,

se tal crença é inata ou é intuitiva!

 

Se viveu, de verdade, uma vida passada,

dela revive o desencanto da jornada,

trazendo o pó da mesma estrada percorrida!

 

Se, como dizem, tudo faz parte dum plano,

só lhe resta viver de novo o desengano

e, quem sabe, viver nova partida!