Breno Pitol Trager

Oração para a Guerra

Oração para a Guerra 

 

Ó cadáver que me forjou desfaço-me todo dia como seu assombro

 

Sinto sede por parente, sinto-me o morto feliz, sinto peso da fome

 

Verdes insultos, a mais dolorosa condenitude, castigos hediondos

 

Enquanto humilde, os atopos empilham-se me carcomem

 

Ó mãe, esta uterina proliferação não de filhos, mas de monstros

 

De um amor desprezível vinde a mutilação do teu hímen 

 

Vícios de ébrios esporros o é a minha putrefação por seu colostro

 

De quem foi vítima no pior dos idiossincráticos crimes 

 

Ó pai, punge a punição a imanência teus suseranos gélidos passos

 

Manjedoura nenhuma alicerça para a fé nossos homens

 

Já frutos de um trovão errante, relâmpago do lado nefasto

 

Que apaga a luninância, para clandestina destinação tua, o demônio

 

Ó malemolente virtude do futuro, as nossas belas próles!

 

Canetai vosso vil sentimento sem quaisquer expectativas

 

Pois a Pátria já no naufrágio sem planejamento, esperança

 

Espera ansiosa estopim de holocausto, nas nucleares as ogivas

 

Ó gangrena, que também se vêm dos prazeres intermitentes, aromas

 

Guerra é o trono eminente que faz fila de ossos de feridos

 

Granadas silenciadoras do timbre, nadificantes tudo que se sonha

 

Tanatopraxia dos escravos, eu com minha vastidão, destrunidos!