Ao raiar de cada amanhecer
O pavor de não durar ao próximo instante
Arranca-me palpitações vertiginosas
Consumindo-me um pânico mórbido
O tempo passa lentamente veloz
Quando nos damos conta
O amanhã já é hoje, o hoje já é passado
Fazendo a metamorfose do tempo
Transformar-se num instante que vem e vai
Tornando-se o inicio, meio e o fim de si mesmo
O amanhã distante que se aproxima
Como a fênix que ressurge das cinzas
Traz um futuro de incertezas certas
Enchendo de esperanças um hoje vazio
Fazendo o passado perder-se no tempo
Com um sorriso pálido, olhou-me o derradeiro instante
Sem piedade nos olhos, com um desdém nos lábios
Não importando quem fui, quem sou, quem seria
O tempo é indiferente aos valores que transformam
Apenas carrega-nos em sua linha cronológica
O tic-tac das horas atravessa o amanhã galopante
Escoando o último instante pela ampulheta do tempo
Sussurrando ao vento que o inicio do fim é chegado
Um breve sorrir com lágrimas nos olhos
É tudo que me resta neste último instante