Rychard S. Paz

Luar Sangrento

Luar Sangrento, campos de herbáceas

Cantam o réquiem das nossas esperanças;

Louvam ao tardar como negras galináceas

Trovando poesias de íntimas lembranças.

 

Ama os mirrados dorsos de um talhe férico

Torneado por velas arraigadas e infantis,

Este Éden de terreno avaro e colérico,

Adornado por flores carnívoras e hostis!

 

Há muito esvaíram-se nossos queridos ares;

Diluíram-se nas águas de mares esquecidos.

São tristes amantes sem seus amantes pares

Como irrecuperáveis paraísos perdidos.

 

Luar Sangrento, em ti me encerro;

Sou consumido por tua inteira fúria.

Sangra em mim, que em tu me enterro

Para livrar-me desta vil penúria!