Passaram-se dias após sua morte, logo após semanas e depois meses, em seguida anos. Tudo sobre você começou a sumir. Primeiro foram suas coisas que estavam exatamente no local que você achava apropriado. Logo em seguida foi seu cheiro. E agora, há pouco, notei que já não me lembrava da sua voz.
Como alguém que eu nunca imaginei fora da minha vida acaba por desaparecer quase por completo no momento em que mais preciso da sua presença? Seus costumes, suas duras lições, sua forma inapropriada de demonstrar afeto, tudo se perdeu como folhas ao vento. Me sinto numa correnteza cujo destino é o seu esquecimento.
E por mais que eu brigue, me esperneie e me afogue um pouco, não consigo vencer. Me sinto cada vez mais traído pelas minhas memórias.