Itagibá e Potira
Braço Forte e sua flor,
Viviam apaixonados
Em paz e cheios de amor.
E eram muito felizes,
Não pensavam em castigos
Até que tiveram a tribo,
Atacada por inimigos.
Já que estavam em guerra,
Itagibá e os companheiros
Teriam que ir à luta,
Expulsar os forasteiros.
E então a linda Potira,
Mulher de muita coragem
Incentivou o marido,
A fazer a tal viagem.
De seus olhos não caiu,
Uma lágrima sequer
Admirava-se a força,
Daquela bela mulher.
Desde então, todos os dias,
Ela, com muita saudade,
Esperava o marido
Com grande fidelidade.
Ficava às margens do rio,
Com o olhar triste, distante,
A esperar o esposo
Seu amado, seu amante.
E depois de muitas luas,
Os guerreiros regressaram
Não trouxeram Itagibá,
E a Potira contaram
Que o seu nobre marido,
Morrera firme, lutando,
Ao saber de tal notícia,
Potira ficou chorando.
Ela se pôs a chorar,
O resto de sua vida
Saudade de seu amor,
Pois era muito querida.
E então, o deus Tupã,
Com dó daqueles amantes,
Transformou as lágrimas dela
Em vistosos diamantes.
Que se misturaram ao rio,
E desceram na correnteza
Dando-lhe brilho diferente,
E de singular beleza.
***
Cordel , de minha autoria, inspirado na lenda de mesmo nome, do folclore indígena brasileiro.
(Maria do Socorro Domingos)