Quando eu me encontro nas areias movediças de nossas palavras,
E você diz, com olhos tempestuosos, que o vento sopra frio,
Entre nós, um abismo se desdobra, vasto e silencioso,
Como um mar noturno, onde as estrelas se afogam.
Nossos passos, uma dança descompassada,
Sobre o piso de vidro quebrado de nossas expectativas,
Cada palavra, um estilhaço cortante,
Refletindo a luz fraca de um amor que vacila.
Eu busco, em vão, a areia que escapa entre meus dedos,
Enquanto você segura firmemente o vento,
Cada um preso em seu elemento, distante,
E no entanto, tão próximos.
O conflito é um rio caudaloso,
Que nos arrasta para correntezas desconhecidas,
Mas mesmo nas águas mais turbulentas,
Há um murmúrio de esperança, um eco de amor.
Porque, apesar de tudo, eu vejo,
Além das tempestades e das areias movediças,
Um horizonte onde nossos caminhos se encontram,
Um lugar onde o vento pode ser acariciado, não temido.
Então, eu me deixo levar pela corrente,
Com a fé de que, em algum momento,
O rio nos levará a uma praia,
Onde o amor possa florescer, livre das cicatrizes do passado.
E lá, entre o sol e o mar, sob um céu infinito,
Nós reconstruiremos, tijolo por tijolo,
Não um castelo de areia, mas um lar,
Fortalecido pelas tempestades que enfrentamos juntos.
Porque no coração de cada conflito,
Reside a semente de uma reconciliação,
E no calor do amor, até as pedras mais frias,
Podem se derreter e se transformar.