ERALDO

TROQUEI OS ABISMOS PELAS PONTES.

Eu venho de  muito longe, atravessei centenas de encruzilhadas para chegar até aqui, foi nescessário deixar muitas estradas para trás, algumas por vontade própria outras por que não ter tempo de volta a trás. A maioria por não valer a pena procurar.

 

No meio do caminho encontrei a solidão sozinha, por uns dias ela foi minha companhia, conversamos por pouco tempo lembro dela me dizendo que estava de passagem, enquanto eu estava indo embora.

 

Das coisas que não valia a pena voltar para buscar estavam a tristeza, a saudade. Deixei para trás o que não cabia na mala, coloquei meu chapéu na cabeça e seguir a vida, seguir a lida.

 

Segui o meu caminho, mas a mesma estrada de terra que estava à minha frente era do mesmo tamanho que eu olhava para trás. Só que lá atrás guardei as coisas que me fizeram chegar até aqui.

 

A única coisa que eu trouxe foi a esperança de dias melhores, sem esquecer dos dias sombrios que vivi. Foram eles que me tornaram mais forte, mais resistente. Voltar ao passado não é o meu caso, mais hoje sei que aquilo que não couber no peito eu trouxe na mala, o que não coube na mala vou levando no peito.

 

 Estive no fundo do poço, fui jogado no abismo, foi lá que me vi mais forte, foi lá que encontrei a morte me dando mais alguns anos de vida, foi justamente nessa fase da vida que comecei a cuidar mais de mim, foi lá que aprendi da valor às pequenas conquistas ao longo do caminho.

 

Hoje consigo carregar na memória tudo o que vivi. 

 

Peguei a estrada e seguir, peguei a mala vazia nas mãos e enchi, peguei o trem na estação a frente, e a vida tomou outro rumo, outro destino.

 

E assim fiz com que os abismos se transformassem em pontes.

Eraldo silva.