Nas asas do tempo a existência voa
e, leva as mágoas que a alma pranteia!
Mas, lá no infinito, a lua clareia
a poesia numa estrela boa!
Mesmo assim, a solidão é cadeia
no tempo onde a saudade se amontoa!
O ontem, no presente inda ressoa
e, n!alma a dor antiga inda ponteia!
Oh, poeta, que versos ousas criar?
Não sabes bem que a dor é singular,
e, na existência nos é proporcional?
Grava, então, toda a dor em poesia
pois, neste mundo, cheio de heresia,
se a vida é fugaz, a arte é imortal!
Nelson de Medeiros