ERALDO

A LÁPIDE DA VIDA.

Parei no tempo para observar a vida, notei que foram feitas muitas mudanças, na pedreira ao lado da antiga casa, vejo as pedras que rolaram como se fossem poeiras.

 

Algumas desapareceram, outras perderam suas lápides.

 

Notei que no lugar onde havia um rio, a água já não escorria como antes, e as pedras que estavam no caminho ficaram lisas devido à passagem constante das águas sobre elas.

 

Ao longo da vida, testemunhei as paineiras verdes que antes proporcionaram sombras para as pessoas que passava por ali. Agora elas estão secas e estendidas no chão servindo de assentos. 

 

Aquele rio que no passado vivia cheio de água, hoje vejo ele quase seco e sem vida, parecendo rastejar no mesmo leito.

 

E a vida continuou alterando meu corpo. As espinhas deram lugar às rugas e os cortes se transformaram em cicatrizes. Meus cabelos pretos mudaram de cor e meus olhos, que antes eram pretos, ficaram cinzentos.

 

Com o tempo, aquilo que eu via como branco agora vejo como uma nuvem de fumaça, e assim o tempo continua a lapidar experiências de vida.

Eraldo Silva.