Marcos Valerio de Souza

SIM OU NÃO

        SIM OU NÃO

 

Já perguntei para o vento,

Para o frescor do relento

E à cova do alecrim;

Perguntei à cotovia,

À avalanche bravia

Se gostas ou não de mim.

 

Perguntei à madrugada,

Ao pedregulho da estrada,

À lâmpada de Aladim;

Indaguei ao cão de raça

E a estátua da praça

Se gostas ou não de mim.

 

Interroguei a turba lenta,

Também o ardor da pimenta

E todas traças do cetim;

Perguntei à noite escura,

À lápide da sepultura

Se gostas ou não de mim.

 

Questionei a brisa mansa

E o olhar da criança,

Os restolhos do jardim,

Perguntei também ao frio,

Às margens plácidas do rio

Se gostas ou não de mim.

 

Já entrevistei um feto,

Fui no oásis do deserto,

Num jubiloso festim;

Perguntei ao rei do açoite

E à calada da noite

Se gostas ou não de mim.

 

Perguntei a todo mundo,

Até ao abismo profundo,

Ao aroma do jasmim;

Quis saber da estrela celeste,

Dos cativos do agreste

Se gostas ou não de mim.