R. Barbosa Gameiro

Que Castigo É Não Te Ter

Fui às terras de nascente, 

Onde a luz germina fria,

Ver se estavas lá presente

Com o amor que tanto queria.

Procurei-te loucamente

Em cada fração do dia!

Em cada raio luminoso;

Em cada traço formoso!

 

Nem de noite eu me rendi!

Procurei-te em cada vulto.

Toda a voz eu atendi, 

À escuta dum tom oculto.

…Nem plos temas que vendi

Ao colóquio mais culto

Recebi tua existência

Ou qualquer tua evidência…

 

Que castigo é não te ter

Junto a mim, na minha vida!

Tarda a hora de te ver

Com paixão clara vestida

E sapatos de fazer

Da lama várzea florida.

…E por falar em flores:

Nos teus olhos, que tens por cores?

 

É que até verdes achei,

Em esmeralda e azeitona,

E azuis… que já nem sei…

(tampouco me lembra a dona).

Tantas vezes me vidrei

Num olhar que me apaixona,

Mas nunca fiquei ligado

Por amor, ao outro lado…

 

Por trás de que olhos te escondes?

Já olhaste para mim?

Claro que não respondes…

Também deves estar assim…

Vem destino! Pra que nos sondes!

Pra que nos juntes por fim!

Que o amor é que liberta

As almas pra a vida certa!